Ontem atendi uma criança de 10 anos de idade, que todas as noites ainda vai para a cama dos pais. Algumas vezes, diz que é por causa de pesadelo. Muitas vezes parece que vai por puro automatismo. Perguntei à mãe se ela gostava que ele fosse para sua cama. Ela, sobressaltada com a honestidade da pergunta, diz em tom de confissão:
– Pela primeira vez, vou confessar. Prefiro ele em minha cama do que meu marido. Meu marido ronca muito.
Quando entra a criança e vou conversar com ela, perguntando sobre o assunto, ela me diz:
– É, quase toda noite vou para a cama da minha mãe (não diz cama do pai!). Não tem espaço dos outros lados, aí procuro um buraquinho e deito no meio dos dois.
A criança entra nas brechas, atendendo muitas vezes ao desejo inconsciente dos pais, que neste caso já é até desejo confesso. Não é de modo algum um lugar saudável psiquicamente para um filho.