Pesadelei

Pesadelei, disse a menina de 8 anos:
“Chego num cubo de floresta. Tem dinossauro. Cada vez que cresço mais, consigo subir mais alto nele. Meus irmãos mais velhos já tinham subido e eu sempre tentava alcançá-los. Mamãe tinha ido morar noutro país. Chegou um vampiro. Tentei escapar dele, abrindo a floresta. Cheguei ao fim dela. Era preto, parecia um ESPAÇO. Vi um lugar bem parecido com a lua e era a terra. Cheguei lá e achei meus irmãos e meus pais.”

Essa menina é terceira filha e sempre procura espaço para si, em casa e na escola, mesmo sendo muito amada. Seu sintoma mais recorrente é dor abdominal, sem causa orgânica identificada, o que reforça a necessidade de um lugar para si, segundo a leitura corporal. Muito interessante como o inconsciente se organiza como linguagem e esse espaço para se construir na solidão aparece.

Confirmo: “É isso! Precisamos abrir uma floresta, subir num dinossauro, enfrentar a separação dos pais e encontrar o escuro e o vazio.”

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