Hoje vou falar sobre algo que aprendi com as dificuldades escolares, ou melhor, dificuldades dos pais com relação ao desenvolvimento escolar dos filhos. Não é raro que o momento do para casa seja de muito stress, desespero, brigas e grosserias, o que não leva a lugar algum.
Escutei uma história de uma mãe que perdera o controle na hora de ensinar o para casa à sua filha e disse-lhe de modo nervoso:
– Eu vou te matar!
De madrugada, a mãe escutou um toc-toc amedrontado na porta de seu quarto e uma voz fina perguntava:
– Mãe, que horas você vai me matar?
Falemos primeiro em autonomia. No primeiro para casa, pai e mãe já devem estar longe e deixar a criança com a tarefa que é só dela. Vejam bem, falei em primeiro para casa. É isto mesmo, o primeiro. Nunca. Nem pai, nem mãe, nem avó, nem qualquer outro adulto, não deve, em momento algum, acompanhar o para casa, sob pena de nunca mais a criança se considerar competente para fazer sozinha. Autonomia deve ser criada desde a primeira experiência. O para casa é da criança e só ela pode fazê-lo. Os para casas devem ser dados pela escola de acordo com a capacidade da criança. Não podem ser além da sua capacidade. Se estiver muito difícil, deixa a professora ver que ela não conseguiu. Se pai e mãe ficam corrigindo qualquer pequeno erro, isso inibe e castra, às vezes, de modo irrecuperável, a criança.
Assim acontece também com o desenho, com a grafia das letras na escrita. Se o adulto faz antes da criança fazer, ela se inibe e acha que seu jeito não é o certo, não arriscando mais.