Hoje atendi um garoto que “tomou bomba” no terceiro ano do ensino fundamental. Fato inadmissível para um menino tão inteligente e curioso daqueles. Conversando com ele, ele me disse:
– Eu gosto muito de aprender, não gosto é de estudar.
Estudar passou a ser para ele a maior tortura de todos os dias. Seus pais sempre estiveram a seu lado durante o para casa. Sempre leram para ele os enunciados. Quando vai fazer prova, tem muita preguiça de ler os enunciados, embora saiba ler com total habilidade.
Sugeri que os pais lessem para ele histórias de aventuras, emocionantes, antes de dormir e que não lessem mais seu para casa, deixando suas dúvidas para serem tiradas com a professora.
Uso muitos elementos (significantes) que as crianças me trazem de sonhos, como metáforas, para nossas conversas e sinto que elas compreendem com clareza esta linguagem cifrada.
Com esse garoto, falamos do ciúmes da irmã, do desejo de atenção dos pais, da necessidade de se construir autonomia… Tudo através de elementos simbólicos que ele mesmo trouxe.
Soube depois que ele passou a colorir seus desenhos, coisa que nunca havia feito. Sempre coloria cada um de uma só cor e agora abusava das cores. Sinto que houve uma nova abertura e interesse por parte dele. A mudança de colégio também mudou a abordagem e disposição do mesmo para o aprendizado.