Hoje escutei uma história de uma criança que foi para escola com 2 anos e meio e sofreu cerca de 1 mês para se adaptar. Chorava todos os dias na porta da escola, até que ficou bem. Como era uma das mais velhas e mais madura, já usava até o “piniquinho”.
A direção da escola chamou os pais e sugeriu que ela mudasse, no meio do ano, para a turma dos meninos maiores onde ela seria a mais novinha. Foi outra peleja para se readaptar, levando desta vez 3 meses. Chorava todos os dias e não queria entrar. Dizia veementemente que não queria ir para escola. Não estava acompanhando com tranquilidade o desenvolvimento intelectual dos colegas, tão bem como antes.
Hoje na consulta me falou que não estava gostando. Quando eu perguntei o nome de sua professora, soltou, num ato falho, o nome da primeira professora, com quem tinha muito afeto. Quando perguntei sobre sonhos, diz ter sonhado com os coleguinhas e eram os da primeira turma.
Diante desta situação reafirmo alguns princípios: sempre é mais saudável ser mais velho numa turma do que o mais novo. É melhor para a autoestima e confiança. Já vi um caso em que a criança tinha pesadelos repetidos que corria atrás dos coleguinhas, fato literal, devido à dificuldade cognitiva que apresentava, devido à sua imaturidade.
Nós adultos, muitas vezes temos pressa em ver o desenvolvimento da criança e erramos muito por precipitação. Neste caso, era muito melhor tê-la deixado onde estava, até porque o laço com a professora era para ela o elo que a deixava segura fora de seu ambiente doméstico.
Insisto na ideia de que a criança ainda não está pronta para ir para a escola antes de 3 anos. A individualidade, a noção de EU, só avança depois de 3 anos. Precisamos ter um EU estruturado para irmos para o coletivo, o NÓS.
Portanto muita calma e muito respeito com o tempo do amadurecer. Fruta verde é dura e trava.