Criada no ano de 2000, a brincadeira do nome já diz do objetivo do trabalho: “fora da sina” ou seja, tirar a criança de um padrão de adoecimento, ajudá-la a sair de uma sina, oferecendo um espaço para ela expressar seus sentimentos e resolver seus problemas de maneira lúdica, “brincando” com outras crianças e convivendo com uma equipe plural (antropólogo, artista plástico, arteterapeuta, psicólogo, terapeuta ocupacional, etc.) Neste universo brincante e aparentemente fantasioso da criança é possível intervir em suas realidades e ajudá-los a lidar com o real de seu sintoma.
Trabalhamos em dupla de profissionais, com áreas profissionais diferentes. Isso favorece um olhar ampliado, diminui a hierarquia do adulto sobre a criança e distribui a transferência, apesar de manter a confiança da criança nos profissionais, que são sempre os mesmos. Trabalhamos com as crianças em pequenos grupos, de no máximo quatro, em idades aproximadas. Trabalhamos com o UM no MÚLTIPLO. Trabalhamos pelo caso individual usando o recurso do grupo. Uma criança favorece o trabalho terapêutico da outra. Às vezes, dependendo da situação, podemos atendê-las individualmente, mantendo o mesmo ambiente de Off-sina e sem perder a natureza do trabalho lúdico.
Encontramos com as crianças semanalmente. Temos encontros com os pais, reuniões de equipe também semanalmente, grupo de estudos e supervisão com psicanalistas e a mentora da leitura corporal. Nas brincadeiras sérias da Off-Sina ouvimos a demanda das crianças e é a partir dela que desenvolvemos os temas a serem abordados, que passam por ABANDONO, MEDO, NECESSIDADE DE ATENÇÃO e MUITO MAIS…
Cito aqui alguns exemplos de experiências vividas em off- sina.
Estava em off-sina e disse às crianças: “Vamos brincar de teatro?”
Uma menina de 7 anos me respondeu: “Ah, não. Vamos brincar de vida real. Finge que você é nossa mãe e nos abandona.”
Passei vários encontros brincando deste assunto. Eu sabia o tanto que brincar disso era importante para aquela menina.
Uma criança foi encaminhada para a off-sina porque estava tendo muitos medos e não desgrudava da mãe, não ia à casa dos coleguinhas. Nas brincadeiras, soltou uma agressividade enorme. Pedia-me para ser a bruxa e lutava bravamente comigo. Enfrentava seus medos desse modo e melhorou sua socialização.
Uma pequena recebeu diagnóstico de uma neurologista de déficit de atenção e prescreveu para ela a Ritalina, remédio usado para este fim. Esta pequena estava em off-sina conosco e disse para sua off-sineira, que tomava um remédio para chamar a atenção.
Esta fala foi muito bem colocada, porque tudo que esta criança parecia precisar era de uma atenção especial, pois os pais trabalhavam demais e não vinham oferecendo uma atenção adequada ou necessária para seu desenvolvimento.
PÚRPURA
Atendi um garoto com um diagnóstico delicado de Púrpura – doença grave que traz a queda de plaquetas, células do sangue responsáveis pela coagulação, de forma que o risco da doença é sangramento, inclusive cerebral. Neste caso, essa criança, com apenas um ano de vida, vinha com plaquetas muitíssimo baixas (chegou a 4000, sendo que o valor mínimo é de 150000) e cheio de hematomas pelo corpo. Estava em uso de corticosteróides, com bastante efeito colateral, fácies de lua cheia, mais pêlos pelo corpo, imunidade baixa e, apesar disso, sem resposta clínica. Suas plaquetas continuavam baixíssimas. Iniciei minha terapêutica com o BIOFAO – Fatores de Auto-Organização do Biocampo (medicação homeopática), e ele teve melhoras significativas em pouco tempo, sendo a virada para cura, quando sua mãe também tomou o BIOFAO.
Pela leitura corporal, as plaquetas trabalham para que possamos exercer nosso direito de livre arbítrio, independente da idade que temos. As crianças, até 7 anos de idade, trabalham com sintomas físicos tanto por si, quanto por seus pais. Isto significa que, para aquela criança, a expressão do livre arbítrio para ele e para os familiares, era tão significativa, e ainda não estava assegurada, que necessitou de uma púrpura. Sabendo disso, e conhecendo a criança e a família, confirmei que esta hipótese fazia muito sentido. Assim que ela cresceu um pouco, iniciamos um trabalho em off-sina a fim de lidarmos com esta necessidade através das brincadeiras. Com isto, permanece curado até hoje, sem nenhuma recidiva.
URUU! “OJE” É MEU DIA!
Essa criança tem 6 anos. Perdeu o pai. Faziam duas semanas. Fez um desenho para ser cremado junto ao pai. Era uma estrada, um céu e uma menina no caminho. Logo depois, ganhou um caderninho vazio, com uma capa bordada- uma menina de bicicleta seguindo um caminho. Veio do fundo de uma gaveta, dos guardados do pai. Ele havia deixado para ela. E nele, ela desenhou, no seu primeiro dia de off sina, um coração em camadas, com um vazio dentro, onde colocou as seguintes palavras: “URUU OJE E MEU DIA”.
Assim que entrou na off sina, curiosamente um beija-flor parou diante dela e ficou balançando as asas. Depois ela me disse: “Eu não deixo eu chorar. Eu não quero que minhas amigas me vejam chorando.”
Eu disse: “Você pode chorar. A lágrima faz cachoeira que se une ao rio para levar essa tristeza.
E então, ela contou para as amigas de off sina: “Meu pai morreu!” Ele deixou esse caderninho para mim e ele foi encontrado. Ele já tinha escolhido.” E mostrou que dentro do caderninho tinha desenhado um coração e escrito: “Papai, eu te amo. Feito por mim.”
TENSÃO FAMILIAR
Desenho de uma criança em off sina. Está criança estava vivendo um tensionamento grande familiar, representado provavelmente pelo tubarão
Dra. Simonete Torres Aguiar
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